"Nunca mais o despotismo regerá nossas nações".


Salve o 2 de Julho! Salve os Caboclos!
"Nunca mais o despotismo regerá nossas nações".







Hoje é comemorada uma data de muita importância e representatividade na Bahia, o 2 de julho! "Nunca mais o despotismo regerá nossas nações". Comemoramos a independência do nosso estado, celebrando todas as conquistas e olhando para o futuro com mais esperança, de que vamos vencer essa pandemia, de que vamos conquistar mais melhorias para o nosso povo e que vamos vencer as atrocidades do governo Bolsonaro. "Com tiranos não combinam brasileiros corações".





Você que acredita que o grito de D. Pedro, lá na margem daquele rio, fez os patrícios irem embora, fica sabendo que o Brasil só ficou independente quase um ano depois quando o povo baiano colocou o último português pra correr em 2 de julho de 1823. Confere essa história aí abaixo, contada pelo professor Louti Bahia, usando o legítimo idioma da terrinha:




A INDEPENDÊNCIA DA BAHIA EM BAIANÊS*

Oxe! Colé de mermo? Você fila aula e eu tenho que contar tudo de novo? Mas é niuma.

Se ligue que você não sabe da terça-metade. Tá ligado que a Família Real partiu a mil de Portugal pra cá em 1808? Vazou com medo de Napoleão e quando chegou, deu uma de porreta e chamou a gente de Reino Unido. Ficou todo mundo de boa e a gente comeu essa pilha.

Tempo vai, tempo vem, rolou a crocodilagem: D. João VI e a Família Real partiram a mil de volta pra Portugal e ainda queriam que o Brasil voltasse a ser colônia. Aoooooooonde!

Quem anda pra trás é caranguejo, mô pai. O povo se retô, pegô ar e o pau comeu. Aí, D. Pedro I deu o zig na família e disse assim pra Portugal: “Quem vai é o coelho. Diga ao povo que fico!” Pô, véio, D. Pedro brocô.

Mas aí, o bicho pegô. Portugal ficou virado no estopô e a gente recebeu a galinha pulano: as tropas de Madeira de Melo armaram uma bocada nas ruas de Salvador e foi aquela muvuca. Nosso povo lutou, mas ximbou e se lenhou: o exército português tomou a cidade na tora.

O povo ficou injuriado e fugiu picado para o Recôncavo junto com nossos soldados. Lá, eles usaram o tutano pra organizar a reação: tiveram uma ideia massa e criaram o Exército Libertador. Tinha poucos soldados e muita gente do povo: pobres, negros libertos, negros escravizados, índios, agricultores, etc. Só tinha uma mulher que se alistou na cocó dizendo que era homem: Maria Quitéria. Já tinha pra mais de 10 mil pessoas, mas era tudo feito a migué: tinha poucas armas, ninguém sabia lutar, um mangue da porra.

E eu falo mesmo que eu não sou baú: o exército de Portugal virado no diabo e a gente ia lutar de badogue e barandão? Aí é barril dobrado. Mas o povo tava na pilha e o couro comeu. Um barco português chegou em Cachoeira atirando e os baianos renderam eles a bordo de canoas. Ô povo retado! Ô povo virado no estopô.

Enquanto isso, em Salvador, o exército português tava bagunçando, mandando e desmandando: uma esculhambação da porra. Foi então que eles invadiram o Convento da Lapa e mataram a Sóror Joana Angélica. Aí fedeu. Aí escancarou tudo. Eles foram fuleiro. A notícia deixou o povo agoniado e o Exército Libertador decidiu que ia arrodear Salvador.

Lá em Itaparica, o povo também deu testa ao exército português e não deixou invadir a ilha. Maria Felipa, uma negra retada, se juntou com mais 40 marisqueiras: elas ficaram de butuca e, na calada da noite, foram chavecar os vigias dos barcos. Levaram os donzelos pro mato e quando eles acharam que iam fazer ozadia, receberam foi uma surra de cansanção. Arde coma porra! É pior que tomar zunhada. Enquanto os vigias tavam nuzinhos, se coçando e se bulino, as mulheres colocaram fogo em mais de 40 barcos dos portugas. Receba, sinha miséra!

Já nas águas da Baía de Todos os Santos e no Rio Paraguaçu, foi João das Botas que lutou contra mais de 40 barcos portugueses com sua “Flotilha Itaparicana” que só tinha barco de pescador. É brincadeira um esparro desse? Mas ele tirou onda e segurou os portugueses.

Até então, a briga era essa: o povo baiano contra Portugal. Mas aí, D. Pedro entrou na dança e mandou reforço. Pra terra, ele contratou o general francês “Labativs” (se falar Labatut, use o “lá ele” porque Labatut tem rima). Ele chegou com mais soldados do resto do Brasil e deu um trato no nosso Exército Libertador. Um tapinha aqui, outro ali, mas tudo continuou meio nas coxas, feito a facão. Mas como a guerra já era daqui pra li, e como baiano é baiano: se não guenta vara, peça cacetinho. Só tem tu, vai tu mesmo: imagine a paletada de Cachoeira até Salvador.

Já para o mar, D. Pedro contratou o Lord Cochrane (mas pode chamar de “Croquete” que é niuma). O cara era escocês e já tinha fama de mau lá nas Europa. Isso já assustou a marinha portuguesa: ponto pra D. Pedro.

O Exército Libertador tinha muita garra mas pouca experiência. Chegou e cercou a cidade mas levou um baculejo daqueles do exército português. Foi na Batalha de Pirajá: os caras bagunharam a gente. Foi barril de mil. Nem dava pra brincar de esconde-esconde ou gritar “um, dois, três, salve todos”. Já era, pai!

Só que o nosso Corneteiro Lopes recebeu uma ordem pra tocar “borimbora” (Tradução: recuar), deu revertério e tocou “se joga” (Tradução: Cavalaria avançar e degolar). Oxe! Aí, esculhambou tudo. O nosso exército sacudiu a poeira e pra se amostrar, deu-lhe uma carreira e passou a porra nos portuga que não entenderam nada. Os portuga vazaram quando ouviram o toque de “se pique” e a galera do mau correndo pra dentro.

Foi o maior migué da história da Bahia, do Brasil e do mundo porque a gente não tinha nem um cavalo pra contar história, que dirá uma cavalaria inteira. Só mesmo baiano pra ganhar uma guerra no grito. Isso né culhuda não, véio: foi assim mermo. O Corneteiro Lopes se armou porque deu certo, mas se desse merda, uzoto ia dizer que foi ideia de jerico.

Com isso, isolamos os portugueses dentro de Salvador e aí deixamos eles sem água e sem comida: não entrava nem geladinho, nem bolinho-de-estudante, nem um real de big big.

Aí, quando a esquadra de Lord “Croquete” (Lord Cockrane) chegou e se juntou à flotinha de João das Botas, o sacrista do Madeira de Melo viu que já tava com a moral de jegue, chamou o rebanho de soldado dele na surdina e se picou de madrugada. Saiu no lixo mas João das Botas foi na cola deles até alto-mar e uns e oto “me disseram” que ele a largou o doce assim, ó: Se plante, vú, seu Madeira! Não se abra não que eu não sou cupim. E nem volte aqui paroano!

Na moral, véio, o nosso povo tirou onda: Salvador fiou livre e o Brasil consolidou sua independência. E quem não lutou com armas, lutou cuidando dos feridos, conseguindo comida para os soldados, doando dinheiro para as batalhas.

Eita povo guerreiro! Eita povo boca de zero nove. E aí, painho, foi um arerê nas ruas de Salvador: o Exército Libertador entrou triunfante: todo mundo solto na buraqueira indo cumê água. A rua chega ficou apertada e assim nasceu o desfile do 2 de Julho. Né não é?

Tá rebocado que você não sabia dessa história. Agora, tá ligado porque a tocha vem do Recôncavo, passa por Pirajá e chega na Lapinha, né? Tá ligado porque a festa é do povo, né? E tá ligado porque tem o Caboclo e a Cabocla, né? Ó paí! Não tá ligado não, seu leso. Me faça uma garapa! É porque eles representam a mistura popular que nos deu força pra lutar pela independência.

Tá vendo aí? Fiz um texto grande pra apertar sua mente, mas a história é de lenhar, né não?

Texto de Louti Bahia autor da página @amoahistoriadesalvador
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